Da minha galeria de heróis: O Júlio
Este “reencontro” com o Ademar trouxe-me à memória, uma figura incontornável do grupo, o Júlio. Tinha tido poliomielite em criança. Passou a sua infância e juventude no Alcoitão. Quando chegou a Coimbra, para estudar Economia, transportava-se numa cadeira de rodas motorizada, que estacionava em qualquer lado, saindo dela com a ajuda dum par de muletas. Ostentava uma invejável alegria de viver e as gargalhadas mais sonoras do mundo. Para entrar no café, que frequentávamos, o Tropical, encostava as muletas ao degrau que tinha que subir e depois com um formidável impulso, saltava o degrau. Um dia, ao fazer este exercício, estatelou-se com grande estrondo, à entrada do café. Um grupo de colegas levantou-se para o ajudar. Ele fulminou-os com um olhar e gritou: não preciso de ajuda, eu levanto-me sozinho! Com um esforço hercúleo lá se levantou e, como se não fosse nada com ele, dirigiu-se à nossa mesa e sentou-se. Por essa altura, eu trabalhava no Hospital e dava aulas, à noite no Colégio S. Pedro, actual Cooperativa de Ensino de Coimbra. O Júlio todos os dias me perguntava a mesma coisa: então vais dar aulas? E eu respondia invariavelmente: eu não dou, vendo! Ele adorava esta "mercenária" resposta e ria-se sempre! Encontrei-o há uns anos atrás, apresentou-me a mulher e a filha. Mas, apesar de pensar nele muitas vezes e com muio carinho e admiração, também já não o vejo há muito tempo.
1 Comments:
É verdade o Júlio! Também ia lá a casa nos célebres serões... Lembrei-me dele , nunca mais soube como anda e por onde anda
Fernanda
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