quarta-feira, maio 31, 2006

O louco da minha rua

(O louco, quadro de Picasso)
Tenho para mim, que em todos os agrupamentos humanos, há um louco, uma espécie de bobo, do qual as pessoas mais mal formadas fazem chacota ou se riem. Na minha aldeia, quando eu era pequena, havia um, muito popular, conhecido como o "Chico Facas". Ficava furioso se lhe chamavam "facas", ou "facadas": corria atrás dos garotos e dizia palavrões. Lembro-me que, lá, também, havia pessoas que o provocavam e outras que o defendiam e ralhavam com os provocadores. Vivia sozinho numa casa muito velha, e quando estava calmo, ia fazendo uns "recados" a troco dumas moedas ou mesmo de comida. Aqui, na rua onde eu moro, também há um, relativamente parecido: tem uma idade indefinida, veste-se sempre de fato escuro e usa um boné, também preto, na cabeça. Este, a quem vou chamar de, por exemplo, JJ, (ou pode ser qualquer outro pseudónimo), tem uma estranha mania ou obsessão (será paranóia?), não sei bem como lhe chamar - só sei que se levanta muito cedo, de madrugada mesmo, e correndo, atravessa a rua aos zig- zags, tocando com a mão em todas as casas e portas da rua, porque quer ser o primeiro a chegar a todos os locais da rua, como que a "marcar" assim, aquele espaço. Se alguém se lhe adianta e chega antes dele, reage mal e também diz os clássicos palavrões. Foi o Sr. do super-mercado que me explicou tudo: porque ao princípio eu tinha um pouco de medo dele, mas não, não faz mal a ninguém, ajuda nas descargas das caixas de frutas e noutros trabalhos do mesmo tipo. Ficou assim depois de vir da guerra de África.
Nota: Sem ser a propósito, gostava de informar aquele visitante que vem aqui, a este blog, de noite e de dia, despejar as frustrações e a porcaria que lhe vão na cabeça, que, por enquanto, eu acho que é apenas um caso de psiquiatria, quando eu entender que é um caso de polícia, lá pegarei no portátil e entregá-lo-ei na Judiciária.