quarta-feira, março 19, 2008

o meu Pai

Tenho uma remota recordação do meu Pai, sendo eu muito pequena, sentado na minha cama, a ler-me histórias. Eram histórias que começavam assim: era uma vez uma menina...e a menina da história, era eu, e nelas, o meu Pai relatava os meus feitos, bons e maus. Procurava assim mostrar-me o lado certo e errado do meu comportamento infantil. Estava atento. Sabia tudo. Um dia, ao entrar em casa, já eu andava na escola, ouvi-o dizer a uma vizinha: tenho muita confiança nas capacidades dela, tem muita força de vontade e quando quer, é muito capaz. Não digo isto, agora, para me gabar de nada. Nem tenho a convicção de que fiz tudo aquilo que ele sonhou para mim. Mas tenho a certeza absoluta, que, apesar de termos tido pela vida fora, algumas desinteligências (dado que a vida nos pregou algumas rasteiras), foram coisas como estas, que estruturaram a minha vida, as minhas opções e me fizeram seguir em frente. Muitas vezes, quando eu tinha dúvidas no caminho a seguir, pensava nele, no que diria de mim, e no que ele pensaria sobre o assunto. Procurei, na medida do possível, não fazer nada que lhe desagradasse. Hoje, e olhando para trás, penso que, no essencial, não o desiludi e que, apesar de tudo, teria orgulho em mim. E eu tenho saudades dele.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Bem sei do que falas. Todos os dias tenho saudades do meu Pai que já perdi há 28 anos !!! Recomendo-te "O Património" de Philip Roth e pode ser que um dia possamos conversar sobre o livro. Um beijo amigo,
JNAS

1:36 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Eu tambem tenho muitas saudades do meu avô
Era uma grande homem

11:34 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Também eu tenho saudades dele e de tudo aquilo que aprendi com ele, apesar de ser Sportinguista.

2:19 da tarde  
Blogger Rui Coutinho said...

Estou certo que ele não te ensinou a ouvir as conversas com as vizinhas.
Mas os nossos pais sabiam muito bem afagar-nos o ego, mesmo disfarçadamente.

3:42 da tarde  

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