A minha avó materna
Maria da Conceição, era uma mulher do campo, pequenina, e... analfabeta. Por causa da sua pequena estatura, era conhecida, lá na aldeia, por Maria Carrapeta. Ficou viúva muito nova e, naquele tempo de miséria e fome, teve que se virar para para criar, sozinha, os quatro filhos. Usava uma linguagem muito própria: fazer compras era ir mercar, quando queria condescender com alguma coisa dizia, lá por mor disso, e outras expressões de que já não me lembro. Durante o dia mourejava no campo de sacho na mão e de noite tecia colchas e tapetes no tear, para vender nas casa ricas e assim conseguir a sobrevivência da sua família. Tenho saudades dela: recordo-a toda vestida de negro e com saia até aos tornozelos a dar-me carinho, conselhos e alguns ralhetes também. Como qualquer outra avó esperava que eu me comportasse bem, mas como também me conhecia minimamente, encomendava-me, bastas vezes, a Santa Rita Milagrosa advogada das coisas impossíveis (ainda hoje gosto deste atributo da Santa) e quando o meu comportamento não correspondia ao que ela entendia ser próprio de uma menina ajuizada (e era frequente), olhava para mim com ar crítico e cantava-me esta melopeia:
Senhora da Alegria
eu bem na vejo daqui
Ou ela me dê juízo
ou me leve para si
Senhora da Alegria
eu bem na vejo daqui
Ou ela me dê juízo
ou me leve para si
Etiquetas: A RTP esteve todoo dia a falar dos avós ...
3 Comments:
As minhas encomendas eram para Santa Rita de Cássia ou Santa Maria Adelaide.
Não tens foto?
Que sorte tiveste! ...nem uma coisa, nem outra...
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