"O patrão da Segway foi morto por uma Segway. É história antiga: "Até tu, Brutus?", espantou-se Júlio César, dando-se conta de que a punhalada, por definição, vem dos próximos. Na verdade, Jimi Heselden nem tinha inventado a Segway, só tinha comprado a marca, mas desenvolvia um modelo, esse que o matou, para os caminhos tortos do campo. Em 2002, a primeira Segway foi apresentada como a viatura do século xxi, simples, só duas rodas e não poluente. Não foi o sucesso que se esperava (muito cara, 5 mil euros), daí o inventor, o americano Dean Kamen, a ter vendido ao empresário inglês que agora lhe morreu às mãos. É o fim da Segway? Jim Fixx, propagandista mundial do jogging, morreu aos 52 anos durante uma corrida e não foi isso que impediu a continuação da venda de sapatilhas. Já nos habituámos à criatura que morde o criador: Marie Curie, depois de ter descoberto o elemento rádio, morreu de cancro por causa da exposição às radiações e Galileu quase cegou por estudar o Sol. E há Alexander Aleksandrovich Bogdanov (1873-1927), médico e economista, que esteve para ser vítima de uma das formas mais banais de parricídio, a política: dos primeiros bolcheviques, ele foi preso pela polícia soviética, em 1923, acusado de sabotar a Revolução. Sobreviveu, dedicou-se à medicina e foi o precursor das transfusões de sangue. Morreu por causa das transfusões que fez a si próprio". Etiquetas: Ferreira Fernandes
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