"Così fan tutte", de Mozart, em S. Carlos

Se, num sábado chuvoso de Dezembro, estivesse em Coimbra e um amigo, vindo de terras distantes, mais propriamente duma ilha do meio do Atlântico, lhe telefonasse a dizer que tinha dois lugares num camarote, do Teatro de S. Carlos, para ver "Così fan tutte" uma ópera bufa de Mozart, no Domingo à noite, o que fazia? Claro que, apesar da chuva, apanhava o comboio para Lisboa e ia à ópera. Depois deliciar-se -ía a ouvir um personagem cínico e descrente da fidelidade das mulheres (Don Alfonso), cantar estes maravilhosos versos:
"Lavra no mar,

semeia na areia,

e espera colher ventos em redes

aquele que deposita as suas esperanças num coração de mulher."

Mas, logo de seguida, Despina, a maravilhosa criada, que tudo sabe da vida e dos homens, responde:
"Esperar fidelidade

de homens e de soldados?

(rindo)

Que ninguém vos ouça dizer isso, por caridade!

Todos os homens são feitos da mesma massa;

são ramos de árvores

e os ventos inconstantes

são mais firmes do que os homens..."
E por aí fora.

Apesar de ter sido estreada em 1790, e as relações homens/ mulheres terem mudado, um pouco - os homens sempre querem que as mulheres lhe sejam fiéis, mas, ao mesmo tempo, tudo fazem para as demover desse intento, e conseguem-no, na maior parte da vezes!!!

É este o tema desta ópera!

PS- Obrigada RC., foi uma noite maravilhosa!