Hoje apetece-me: Rosinha Minha Canoa
Eu ia para dizer que, hoje, estou como o tempo, mas não digo, senão os meus amigos, que lessem isso, ficavam a pensar: o que é que ela agora tem?
Não tenho nada, pronto, estou bem, só não sei colocar fotos no blog, é isso, mas não há crise nenhuma. A Clara vai-me ensinar e o André, desde que eu publique uma foto do Mantorras no Blog, volta cá a casa...
É um preço alto, eu sei, mas eu compreendo o André, sem S. Mantorras o "glorioso SLB", como ele diz, estava na pior, pode ser que eu me safe entretanto.
Bem, mas dizia eu que hoje me apetece José Mauro de Vasconcelos. Não, não é "O meu Pé de Laranja Lima", livro que li numa noite, há muitos anos, e que me levou da gargalhada à lágrima, hoje apetece-me "Rosinha Minha Canoa", livro também belíssimo, que aconselho vivamente a quem o não leu. Tudo isto por causa da "minha Rosa", uma muito querida amiga, que está em Moçambique, a exercer medicina em cooperação, durante 3 meses:
"- AH! Dona Chuva, estou com tanto medo de nascer...
- Bobagem... Vamos, eu ajudo!
Sua angústia renasceu e sua voz saiu meio trémula:
- Mas eu não sei nascer...
Os dedos de Dona Chuva apalparam o dorso e pararam em determinado ponto.
- Deve ser aqui. A casca está bem fininha: vou amolecer mais e você fará também um esforço...
Não disse mais nada. Foi contendo a respiração. Mais e mais. E ainda mais. Sentia que ia estourar. Devia estar quase roxa de tanto esforço. Alguma coisa se lhe abalava por dentro; deviam ser os bracinhos da folha.
A chuva disse novamente:
- Tente outra vez.
Forçou o ar de dentro e uma grande dor a estremeceu.
Parecia que se rachava a casca, de alto abaixo. A ponta de um dos seus braços projectou-se para fora.
- Ai que dor!...Ui! Que frio!...
A chuva riu grosso:
- É assim mesmo. Agora o outro bracinho.
Foi puxando o outro braço da folha e dessa vez já não sentiu doer tanto. E, mesmo, a vida fora da casca assemelhava-se a uma nova aventura: sentiu, então, curiosa sensação.
(...)
- Viu minha filha? Não é assim tão difícil nascer.
- Mas dói um pouco...
Se não doesse, a vida não teria preço. Agora trate de caminhar. Você precisa sair, andar, perfurar a distância que existe até ao outro lado. E você não tem prática, vai levar todo o resto desta noite.
Não tenho nada, pronto, estou bem, só não sei colocar fotos no blog, é isso, mas não há crise nenhuma. A Clara vai-me ensinar e o André, desde que eu publique uma foto do Mantorras no Blog, volta cá a casa...
É um preço alto, eu sei, mas eu compreendo o André, sem S. Mantorras o "glorioso SLB", como ele diz, estava na pior, pode ser que eu me safe entretanto.
Bem, mas dizia eu que hoje me apetece José Mauro de Vasconcelos. Não, não é "O meu Pé de Laranja Lima", livro que li numa noite, há muitos anos, e que me levou da gargalhada à lágrima, hoje apetece-me "Rosinha Minha Canoa", livro também belíssimo, que aconselho vivamente a quem o não leu. Tudo isto por causa da "minha Rosa", uma muito querida amiga, que está em Moçambique, a exercer medicina em cooperação, durante 3 meses:
"- AH! Dona Chuva, estou com tanto medo de nascer...
- Bobagem... Vamos, eu ajudo!
Sua angústia renasceu e sua voz saiu meio trémula:
- Mas eu não sei nascer...
Os dedos de Dona Chuva apalparam o dorso e pararam em determinado ponto.
- Deve ser aqui. A casca está bem fininha: vou amolecer mais e você fará também um esforço...
Não disse mais nada. Foi contendo a respiração. Mais e mais. E ainda mais. Sentia que ia estourar. Devia estar quase roxa de tanto esforço. Alguma coisa se lhe abalava por dentro; deviam ser os bracinhos da folha.
A chuva disse novamente:
- Tente outra vez.
Forçou o ar de dentro e uma grande dor a estremeceu.
Parecia que se rachava a casca, de alto abaixo. A ponta de um dos seus braços projectou-se para fora.
- Ai que dor!...Ui! Que frio!...
A chuva riu grosso:
- É assim mesmo. Agora o outro bracinho.
Foi puxando o outro braço da folha e dessa vez já não sentiu doer tanto. E, mesmo, a vida fora da casca assemelhava-se a uma nova aventura: sentiu, então, curiosa sensação.
(...)
- Viu minha filha? Não é assim tão difícil nascer.
- Mas dói um pouco...
Se não doesse, a vida não teria preço. Agora trate de caminhar. Você precisa sair, andar, perfurar a distância que existe até ao outro lado. E você não tem prática, vai levar todo o resto desta noite.
4 Comments:
E nós sempre cheios de agasalhos e guarda-chuvas...
Rui Coutinho
E já agora o passado doi sempre, para alguns de nós.Só temos duas soluções, ou nos resignamos ou aprendemos com ele.
Acho que aprendemos e nos prendemos a ele também, não sabemos, nem podemos desligar.
Apesar de doer, temos que o incorporar e levar ao nosso lado, como coisa que faz parte da nossa vida.
Mantorras é o meu gato
Enviar um comentário
<< Home