Scolari, os críticos e a "batalha de Nuremberga"
eu não tenho dúvidas , de que, como diz o meu sensato amigo JPPortela, os críticos do Scolari, na média, são muito piores do que ele...
PS- É- Pá, tu sabes qu eu gosto muito de ti, mas, desta vez, só desta vez, não posso concordar contigo ...
4 Comments:
Filipe Scolari é um acabado exemplo do “homem em foco”. Ora, tanto no futebol como no teatro, quando estamos na ribalta ficamos mais expostos.
Normalmente sobre estes personagens recaem sentimentos mesquinhos como a inveja, os ódios de estimação, etc. Ou a idolatria despropositada.
Nada tenho a comentar sobre a competência técnica de Scolari. Desde que trabalha para a Federação Portuguesa de Futebol tem cumprido (como era sua obrigação). Teve um bom desempenho no Europeu 2004 e no Mundial 2006 já guindou a equipa portuguesa aos quartos de final o que revela um bom desempenho técnico. Teve um desaire com a equipa dos sub-21 (assumiu publicamente a responsabilidade por todas as equipas) mas ninguém é perfeito.
É um homem com virtudes para a liderança de uma equipa. Mostra uma forte capacidade para construir uma equipa coesa e conseguiu desenvolver um bom relacionamento entre ele próprio, os jogadores convocados e os outros técnicos.
Tem outras excelentes qualidades. Impôs-se ao Dr. Madail que, durante uma longa permanência na FPF, tem-se revelado um dirigente medíocre com desastrosas intromissões em áreas técnicas. Contrariou uma das “chagas” da equipa nacional no que diz respeito às constantes (descaradas ou discretas) interferências dos dirigentes dos clubes portugueses na selecção nacional. Para estes, os encontros desportivos onde a selecção participa (Copa 2006 ou outros eventos) funciona como uma “montra” dos seus futebolistas, para futuros (ou imediatos) negócios. Solari, honra lhe seja feita, pôs cobro a esta promiscuidade. Fez, penso que com critérios, liberdade e independência, a “sua” equipa. A partir daí, a “nossa” equipa.
Bem, depois da constatação dos factos, passemos agora a outras vertentes.
Não gosto (fiquemos pela afectividade) da metodologia de relacionamento do Scolari com os portugueses.
Há um “ar” muito sul-americano neste campo. Muito misticismo à mistura. Passe a caricatura, em certos momentos, faz-me lembrar os pregadores da IURD.
A história da Senhora de Caravaggio ou, mais recentemente, a Senhora de Conceição (padroeira importada de Vila Viçosa) não consigo encaixar. Nada tenho contra as convicções religiosas de Scolari ou dos jogadores convocados. O que não gosto (outra vez a afectividade) é de imiscuir isso com o conjunto, isto é, a selecção enquanto colectivo de desportistas tem de estar à margem disso. Até porque as convicções religiosas dos seleccionados não podem ser critério de inclusão ou exclusão.. Ou, se acaso, algo correr mal (longe vá o agoiro…) vamos fazer a mesma rábula que Bento XVI em Auschwitz e perguntar: onde estavas Senhora?
Também não consigo engolir do apelo de Scolari ao estendal das bandeiras nas janelas, varandas, automóveis, etc.. Lembra-me … aquele filme – “a aldeia da roupa branca”… neste caso, verde-rubra. Vejo isso como um “apelo” a um tipo de nacionalismo barato e bacoco. Não que seja inédito por cá. Gostamos de exibir adereços á janela, fazemo-lo nos santos populares, nos arrais , etc. Só que os enfeites são outros e o espírito é outro (lúdico). O simbolismo da bandeira incorpora situações com conotações mais profundas. Por exemplo: o patriotismo. Quem não se interessa pelo futebol e, consequentemente, pela selecção nacional, será anti-patriota? Voltamos aos tempos da “velha senhora” em que “quem não fosse do Benfica não era bom chefe de família”?
O próprio post levanta a ponta do véu neste assunto. O uso do termo “a batalha de Nuremberga” é significativo. Na verdade nada de transcendente estava em disputa – era simplesmente um jogo de futebol para apurar o melhor. O tom bélico inerente à palavra “batalha” desperta a noção de sobrevivência dos portugueses. Como sabemos não é nada disso.
Os “managers” do futebol tendem a arranjar inimigos para capitalizar vontades e “alimentar” raivas, visando estimular o desempenho (vencer o dito “inimigo”). Como se estivessemos numa peleja bélica. Não era, nunca foi. Se tivéssemos perdido o jogo com a Holanda continuávamos portugueses e continuavam a assoberbar-nos todos os problemas que carregamos às costas enquanto povo. Como efectivamente se passa. O futebol tem de encontrar o seu lugar certo na sociedade, um lugar sereno, sem competir com questões de maior relevo (patriotismo) ou defraudar vontades (deprimir, perder auto-confiança). Sejamos realistas, as questões fulcrais da vida nacional – aquelas que preocupam os portugueses - não passam pelo futebol. Os protagonistas, isto é, os jogadores da selecção – na maioria – governam-se lá fora. Empolar sentimentos nacionalistas serve, de imediato, aos seleccionadores. Pode, no entanto, ter um efeito “boomerang”. Se acaso perdemos passam de “bestiais” a “bestas”.
Para mim, posso estar equivocado, Scolari explora esses sentimentos e, como bom brasileiro, faz muito apelo ao Carnaval (fora de época). Não somos nem o País do Carnaval nem do futebol. Acredito que seria mais divertido mas, parafraseando um conhecido político, digo:
- há mais vida para além do futebol.
Não gosto (fiquemos outra vez pela afectividade) da metodologia de relacionamento do Scolari com os seus críticos e com a comunicação social. Quando confrontado com críticas (todos podemos ser criticados) desvaloriza a competência dos seus críticos, desqualifica-os e recorre muito à chacota para responder. “Desconversa”.
Frases como “ele sabe de cinema…”, ou, “ é um professor…” ou outras tiradas de mau gosto, não colhem como argumentos. Não gosto do estilo.
Qualquer português pode mandar a sua “posta de pescada” e comentar o desempenho da selecção portuguesa. Os portugueses gostam naturalmente da sua selecção mesmo que não gostem de futebol em particular. Scolari está em Portugal (foi contratado) para por a selecção a jogar nas melhores condições. Ao mesmo tempo está a fazer currículo e, sejamos claros, a ganhar dinheiro. Não precisa de “picar” os indiferentes ao futebol nem denegrir os “treinadores de bancada”. O futebol também vive “deles”. A sua missão é contratual (com a FPF) devendo coibir-se de questionar, como seleccionador, assuntos que devem permanecer exteriores ao futebol, como excitar paixões nacionalistas, que quando menos se espera deixam sequelas psíquicas e sociais. É o problema do “day after”. Outra coisa é a sua condição de cidadão estrangeiro residente em pleno gozo dos seus direitos. Mas não é nesta última condição que tem falado.
Outra rábula é a orquestração (sob a sua orientação) de permanentes conferências de imprensa (um “massacre mediático”). Ao enveredar por aí, não pode alimentar quimeras nem distorcer realidades. Exemplo: Figo, no jogo contra a Holanda, não deu um “encosto de cabeça” – agrediu um adversário com uma cabeçada. Por mais que gostemos do Figo, foi isso que se passou. Não gosto de falácias.
Finalizando, Scolari um bom técnico, cumpriu (… mesmo que não continuemos em prova) mas tem um comportamento que, em minha opinião, embota a capacidade de discernimento dos portugueses. De certo modo, com os seus modos, manipula-nos.
Não gosto disso!
Todavia, aceito que estou bastante isolado nesta apreciação. Vivemos tempos de euforia.
Mas, na verdade, as nossas vidas continuam na mesma.
Óh, meus amigos, é só sapiência! Deixem-me ser vossa amiga!!!
copiando tudo da wikipédia né?
hahaha
Apesar do acto que não o dignifica antes pelo contrário, continuo a dizer Força Scolari, ele defende até ao fim, as suas convicções e os seus jogadores assim se faz uma equipa, com ele no comando ficaremos apurados para o Europeu, e o resto é conversa....
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