domingo, novembro 28, 2010

A Vanessa e as "Novas Oportunidades"

Desenganem-se aqueles que pensam que esta Vanessa é a Vanessa da Ana Sá Lopes. Não. Esta Vanessa é casada (uma única vez), subsídio-dependente, dois filhos, pouco escolarizada, rural mesmo (vive nos arredores de Coimbra). O marido, o Zé Manel, é, às vezes, pedreiro, e, chega bêbado a casa com frequência. Tudo isto e mais sei lá o quê, faz com que a minha Vanessa seja dada a depressões e frequentadora assídua do Centro de Saúde, da zona onde vive. A médica de família, lá a vai ouvindo e doseando a medicação dos ansiolíticos e dos anti-depressivos e, curando, também, às vezes, as mazelas deixadas pelas rixas com o Zé Manel. Mas eis que, de repente, tudo muda - a Vanessa dirige-se à consulta e a médica mal a reconhece, cabelo arranjado, bem maquilhada, unhas pintadas de azul e com um sorriso nos lábios nunca antes visto. Apresenta uma auto-estima elevadíssima e, agora, já não quer a medicação habitual, vem é buscar compridos para "fortalecer a memória" porque anda a estudar. Inscrevera-se nas "Novas Oportunidades" e tinha a certeza que não voltaria a ser "Mulher a Dias". Estava a pensar fazer o 9º ano e já sonha que vai empregar-se numa loja dum Centro Comercial, ou noutra coisa ainda melhor, quem sabe?

E lá andou nos estudos, a ir ao cabeleireiro, a maquilhar-se e a tomar os compridos para "fortalecer a memória". As expectativas eram altíssimas, o subsídio razoável, e, enquanto durou, funcionou como elemento estabilizador. Acabado o curso, toca de mandar currículos para todo o lado onde era susceptível de arranjar emprego...Os dias foram-se passando, o emprego não apareceu, o subsídio acabou, a esperança também. A Vanessa voltou ao Centro de Saúde, regressou sem maquilhagem, sem cabelo arranjado, com as unhas partidas e sem brilho no olhar. Era a Vanessa de antigamente, regressara à vida real e à esfregona.
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sábado, novembro 27, 2010

Marinho Pinto reeleito

Neste País do faz de conta, é bom quando aparecem tipos autênticos e corajosos. Parabéns Marinho!

quinta-feira, novembro 18, 2010

A Engrácia e os meus bolinhos de coco

Aqui há uns tempos, fui a casa duns amigos e reencontrei lá a Engrácia, mais uma vez. Engrácia tinha um cancro e apesar de viver em Peniche, vinha a Coimbra com frequência, fazer os tratamentos de quimioterapia. Achei que estava a piorar, apesar da coragem, esperança e capacidade de luta, que sempre demonstrou ao longo da doença. No meio duma conversa de nada, em que ela referia, entre outras coisas, que se submeteria a todos os tratamentos por mais agressivos que fossem, porque se queria curar, porque se ia curar, a páginas tantas disse-me: “Os teus bolinhos de coco são muito bons, gosto muito dos teus bolinhos de coco”. Não fazia a mínima ideia que ela gostasse, mas achei que, ali, estava implícito um pedido e fiz-lhe os ditos bolinhos. Como faço quase tudo a “olho por cento” (dizia a minha avó) e como tenho a mania de cortar no açúcar, quando os provei, verifiquei que estavam pouco doces, mas mesmo assim fui-lhos levar. Ela achou que estavam bons e disse-me que os comeu e se consolou. Depois disso, passado talvez um mês, já muito mal, foi obrigatoriamente internada, dado que as metástases tinham avançado inexoravelmente. Andei dia para dia a adiar uma visita ao Hospital. Custava-me ir vê-la naquele estado, sentia que ela já não sairia dali. Mas, uma tarde, enchi-me de coragem e fui vê-la. Levei-lhe, outra vez, bolinhos de coco. Quando cheguei junto dela e embora aquele quadro me fosse familiar, dado que a minha Mãe morreu de uma doença igual, tive um sobressalto - onde estava a Engrácia lutadora e corajosa que eu tinha conhecido? Onde estava a Mulher que dizia que se ia curar porque tinha dois filhos para acabar de criar? Quando ela olhou para mim, senti que o fim chegaria rápido e percebi que ela não tinha desistido, mas que tinha sido, pura e simplesmente, vencida pela doença, embora ela ainda me dissesse, que tinha que “viver um dia atrás do outro”. Sem saber muito bem que palavras pronunciar, naquelas circunstâncias, disse-lhe: “Engrácia, trouxe bolinhos de coco”. Ela olhou para mim com aquele olhar de tristeza que jamais esquecerei e respondeu-me, “não consigo comer, amiga.” Vim embora do Hospital com um sentimento de inutilidade horrível, porque é que eu não lhe dei mais bolinhos de coco antes?

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terça-feira, novembro 16, 2010

Administração da CGD, quer privilégios especiais

‎"Administração enviou carta ao Governo a pedir excusa das medidas de austeridade CGD teme fuga de quadros por causa dos cortes salariais"
Fico doida com estes anormais que se sentem diferentes e insubstituíveis. Caramba, o cemitério da minha terra está cheio de insubstituíveis.

quinta-feira, novembro 11, 2010

O Sr. do Adeus

quarta-feira, novembro 10, 2010

Chico Buarque

ganhou mais um prémio
Fiquei contente, toda a gente sabe que o "amo" de paixão!!!

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terça-feira, novembro 09, 2010

ADSE deixa de ser obrigatório

segunda-feira, novembro 08, 2010

"Ta Pau"

Agora que a China e os Chineses são tão falados em Portugal, quero falar em "Ta Pau", não sei se é assim que se escreve, mas é assim que soava aos meus ouvidos. Levar "Ta Pau" é levar para casa, a comida que sobra duma refeição. Para os Chineses é impensável estragar comida, então toda a gente, mesmo a mais endinheirada, leva a comida que sobeja dentro de umas embalagens adequadas, pré-existentes nos restaurantes.
Nota: Esta delicada "operação" destinava-se a cortar em
quadradinhos um delicioso "pato lacado à Pequim". Obrigada Sr. Lau, foi o melhor "pato à Pequim" que comi na minha vida.

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segunda-feira, novembro 01, 2010

Dilma, Sim, elas podem

Gosto disto

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