terça-feira, junho 30, 2009

Pina Bausch 1940 - 2009

Chorai amantes da dança e da beleza, Pina Bausch morreu hoje.

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segunda-feira, junho 29, 2009

A Senhora do queijo branco

A Senhora do queijo branco.

Já ando a contar os dias. Falta menos de um mês. É mesmo assim, mas, quando chega o verão e o sol aquece os meus dias, começo a pensar nos Açores, todos os meus sentidos me mandam para lá - uma simples relva cortada num jardim e eu "sinto" aquele cheiro dos pastos, tão característico da Ilha, logo de seguida, fico com saudades de ouvir o barulho do mar, perto da minha casa, depois penso nos sabores, no peixe, nos queijos, e, por esta associação na Senhora do queijo branco. Não sei se gosto mais do queijo branco, se da Senhora que o faz. Gosto daquela mulher. Gosto mesmo muito. Nunca lho disse, mas já lhe disse que ela é linda. E é. Parece nórdica, alta, seca de carnes, muito direita, olhos azuis, o cabelo que já foi loiro, muito bem penteado e aquele vestido de flores suaves, sempre absolutamente impecável, como lhe como lhe assenta bem! Tem cerca de oitenta anos e eu morro de inveja dela - tivesse eu aquele porte!

Quando lá vou buscar o queijo branco, como se diz nos Açores (para diferenciar do queijo da Ilha, o de S. Jorge), fico à porta e ela insiste num tom de voz amistoso "entre, entre pra dentro vizinha, não fique à porta". Lá entro, relutante, devagarinho, (naquela sala profusamente decorada de retratos de mulheres e crianças lindas, vestidas de branco, enfeitadas de flores e coroadas de toucados de tule, recordações de casamentos e comunhões, verdadeiras princesas!), como se estivesse a entrar num templo, tal é a limpeza, que ali reina. No verão passado, ao entrar, sofri aquele "murro no estômago" - no sofá, semi-deitado, aquele que em tempos, foi um homem forte e poderoso, o marido, agora como um Cristo decepado, com as duas pernas amputadas por cima dos joelhos .- Está melhor? pergunto, -"já está mais melhorzinho, graças a Deus! Os coriscos dos diabetes deram cabo dele! Mas o que se há-de fazer? É a vontade de Deus", diz-me ela sem revolta nem acinte. Tem cerca de oitenta anos e eu morro de inveja dela - tivesse eu aquela resignação!

Sigo-a até até à cozinha e escuto-a atentamente, enquanto manipula, com precisão e delicadeza, o queijo ainda mole, mudando-o do cincho para a embalagem de plástico, "agora leva umas pedrinhas de sal, deixa-o escorrer até amanhã e já está! Quer algum para amanhã?" Eu quero sempre e olho-a fascinada, tudo nela é delicadeza, elegância, precisão e sabedoria. Tem cerca de oitenta anos e eu morro de inveja dela, tivesse eu aquela competência!

Pergunto-lhe pelos filhos, - "estão todos bem, já esta semana falei com os dois que estão na América e o que está no Canadá telefonou ontem, os outros quatro, a viver por aqui perto, graças a Deus, todos os dias vêm cá a casa ver-nos e tratar do Pai". Quando chego aos Açores procuro-a sempre, por causa do queijo branco, que considero o melhor no género. Um ano não a encontrei, tinha ido para o Canadá ver o filho. Outro ano, disse-me que já não podia fazer mais queijo porque o marido estava internado, no Hospital. Sei que ela também gosta de conversar comigo, e já me contou como educou, os (sete ou oito) filhos, naqueles tempos difíceis: -"eduquei-os com muito rigor, sabe, nem tinha água quente canalizada e dava-lhes banho com água fria, debaixo da torneira do tanque da roupa! Eles ainda hoje falam nisso e riem-se! Tenho muita sorte com os meus filhos! São muito meus amigos! A mais nova deixou de viver na cidade, para vir viver para aqui, só para estar perto de mim e ajudar-me!" Tem cerca de oitenta anos e eu morro de inveja dela - tivesse eu esta Paz!

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sexta-feira, junho 26, 2009

José Costa Teso

Não tenho a certeza se o nome está correcto, mas, por ventura, já ouviram este Sr. dizer o Boletim Metereológico? Se sim, sabem do que eu estou a falar, se não, quando o virem na "pantalha", sentem-se e ouçam-no. Ele dá-nos conta d0 vento, do sol, da trovoada, do granizo, das altas pressões, das boas abertas, do interior e do litoral, como se recitasse poesia, mas, acreditem, é isso mesmo que ele faz. Patenteando grande cultura e criatividade, sem falar na memória fantástica, vai passando pelas regiões e cidades do País referindo em cada uma o nome dos poetas, romancistas e outras figura da cultura local. Aqui, na Coimbra de tantos poetas, fico fascinada a ouvi-lo falar, por exemplo, da temperatura em Vila Viçosa, terra de Florbela Espanca.

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Manuela Ferreira Leite elogia Santana Lopes

"exemplar em termos de capacidade de servir um partido".

Devo confessar, que, em relação à política Nacional, já poucas coisas me comovem, acho mesmo que adquiri uma carapaça de indiferença que me protege, mas ouvir aquela tão respeitável Dra Manuela Ferreira Leite praticamente colocar uma auréola na cabeça de Pedro Santana Lopes, confesso que me comovi - é de ir às lágrimas...

Temei amigos, maus tempos se aproximam!!!

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quarta-feira, junho 24, 2009

Ai, ai, O Santo ...que milagre!

Tenho andado muito ocupada, sabem, há coisas como o IMI, NIF, NIPC, Registo Provisório, Finanças, mais Finanças, Banco, empréstimo, Certidões, Escritura, licença de...., eu sei lá, o diabo a sete, bem, mas para descontrair vejam lá isto e digam que não é o máximo!
Nota: ainda por cima parece-me, por causa do joelho destapado, que é São Sebastião, o Santo dos meus pesadelos, como já vos contei aqui.

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domingo, junho 21, 2009

Pachequismo / Menezismo

Pacheco Pereira reage mal às Menezisses e "castiga" o Jornal i.

Nota: Ora leia aqui isto. Eu gosto das Crónicas dele.

Irão (ser bem recontados os votos?)

O mundo está atento e expectante, depois de grandes manifestações de protesto, agora anuncia-se a recontagem dos votos

Roubado daqui

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quinta-feira, junho 18, 2009

Moniz - afinal não é candidato

terça-feira, junho 16, 2009

Três irmãos morrem abraçados


A inconsciência e o abandono destas crianças é chocante. Entretanto, vi a mãe das crianças, na televisão, de unhas bem envernizadas e enfeitadas com florinhas...os três filhos, esses é que já lá não estavam, morreram carbonizados e abraçados uns aos outros, numa vã e última tentativa de superar a solidão e o abandono. Porra para isto tudo!

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segunda-feira, junho 15, 2009

Camané hoje e amanhã no CCB

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quarta-feira, junho 10, 2009

Salgueiro Maia homenageado no 10 de Junho

Que grande gesto de Cavaco Siva, que, estando ele doente, lhe recusou uma pensão, mas que, na mesma altura, a deu a dois pides.

Só o valor, a coragem e a autenticidade são eternos, o resto é a espuma dos dias.

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terça-feira, junho 09, 2009

Sampaio, tinha razão para estar furioso

segunda-feira, junho 08, 2009

David Gomes e "uma canção para ti"- (actualizado)

"Ele tem qualquer coisa" diz Luís Jardim

O que e que o David tem? Já aqui o tinha referido.

Ontem, o David voltou a ganhar na finalíssima do programa. O que é que o David tem, aquele menino que mal fala, com aquele ar de abandono que se transforma em palco, que comove e convence? Eu só sei, que, todas as vezes que o vejo e ouço, me apetece abraçá-lo.

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Dias Loureiro não tem bens em nome dele...

domingo, junho 07, 2009

Gosto destes tipos de Castanheira do Vouga...

Isto é que são reivindicações de 1º Mundo! Como eu os compreendo! Realizaram um boicote às urnas contra as dificuldades de acesso à Internet na freguesia. (Entretanto foram abertas as mesas de voto e as pessoas votaram normalmete)



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sábado, junho 06, 2009

Genuíno Madruga regressou ao Pico depois de dar a volta ao mundo

Tenho um grande respeito e admiração por este navegador solitário, que percorreu em 21 meses cerca de trinta e quatro mil milhas. Veja aqui como o poeta Dias de Melo, Picaroto como ele, entretanto falecido, lhe deixou um poema para a sua chegada, que ele ouviu comovido.Se isto não é bonito, eu estou desfocada...


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sexta-feira, junho 05, 2009

Obama dá a mão aos palestinianos

terça-feira, junho 02, 2009

De quando a crise nem se chamava assim

No léxico actual há uma  palavra, melhor dizendo, um conceito, que é usado e abusado em todos os momentos e em todos os contextos: Crise. Anda na boca de toda a gente  e serve para explicar tudo - o que se tem, o que se não tem, o que se teve, o que  se perdeu, o que se ganhou, sim, porque, como se tem visto, há quem ganhe e muito. Tropeço constantemente no conceito, e, no entanto, quando penso no passado, chego à conclusão, que, desde pequena, sempre vivi em crise.  Lembro-me sim, que também havia fome, miséria, desemprego, doenças, guerras, necessidades e injustiças, só que, nessa época, não se chamava desta forma e ninguém falava em crise, pensava-se que a vida era assim mesmo...
Nasci em Almalaguês que dista de Coimbra 12 Km, em plena era Salazarista, e vivi lá os primeiros treze anos de vida -,  12 Km é muito perto da cidade de Coimbra, não é verdade? Pois, mas, naquele tempo,  em que não havia estradas, nem meios de transporte, nem jornais, nem televisão, nem escolaridade obrigatória, nem subsídio de desemprego, nem creches, nem  Cento de Saúde, nem reformas, nem "Europa", nem nada, ou quase nada, Almalaguês, era tão interior, tão atrasada, tão remota,  como a mais recôndita aldeia de Trás-os-Montes, mas ninguém falava em crise, pensava-se que a vida era assim mesmo...
Os homens cavavam a terra com a enxada e os que não tinham terra própria trabalhavam por conta de outros, se houvesse trabalho, é claro; as mulheres ajudavam no campo, e, pela noite dentro e nos dias de muita chuva, teciam colchas e tapetes, no tear, para ir vender às senhoras da cidade; as crianças mais velhas ajudavam a criar os mais novos e também trabalhavam no campo, não existia a noção de “trabalho infantil”, todos trabalhavam e era se queriam comer (na casa deste "home", quem não trabalha não come), mas ninguém falava em crise, pensava-se que a vida era assim mesmo...
Havia Escola -, a Feminina e a Masculina, mas  as raparigas não precisavam (nem convinha), que fizessem a 4ª classe, bastava que soubessem ler e olhe lá! Naquela aldeia cheia de crianças e consequentemente de raparigas, no ano em que eu fiz  a 4ª classe,  éramos quatro, apenas quatro, a saber: a filha do carteiro, a filha do açougueiro, a filha do merceeiro e, eu, a filha do enfermeiro (obrigada meu Pai!), mas ninguém falava em crise, pensava-se que a vida era assim mesmo...
A maior parte das pessoas, incluindo as crianças andavam descalças, e aqueles que tinham sapatos, quando os gastavam, mandavam pôr  "meias solas", no Ângelo, o sapateiro remendão. Bem, no Inverno,  andavam de tamancos - ainda hoje consigo ouvir aquele toc, toc, toc, pela Igreja acima, na missa do Galo, na noite de Natal, da Hildita, miúda que vivia perto da minha casa. Um dia, os outros miúdos (cruéis, como só as crianças) perguntaram-lhe: Hildita, quando é que te compram uns sapatos? Ela, a mais nova de oito filhos, na sua crédula inocência, respondeu: a minha Mãe já me disse, que, quando o rei fizer pagamento, compra-me uns sapatos! Mas ninguém falava em crise, pensava-se que a vida era assim mesmo...
Não se recebia prendas no Natal, mas, nessa noite, e no dia seguinte, comiamse (e como sabiam bem!) filhós de abóbora, cobertos com açúcar e canela, estreava-se uma roupinha nova, porque só havia duas ou três mudas de roupa: a do domingo e a da semana. Quando alguma coisa se puía ou encolhia, remendava-se e colocavam-se acrescentos (Maria remenda o teu pano que dura mais um ano, torna a remendar que torna a durar).  Mas ninguém falava em crise, pensava-se que a vida era assim mesmo...
Nos dias de festa, matava-se uma galinha, mas só nos dias de festa, ou quando as mulheres davam à luz, aliás, dizia-se: quando um pobre come galinha, um dos dois está doente! De resto era sopa de feijão, temperada com um pedaço de carne de porco, conservado na salgadeira, ou então, uma posta de bacalhau, bem dividida pela família toda e, no tempo da sardinha, se esta fosse grande, era metade para cada filho. Mas ninguém falava em crise, pensava-se que a vida era assim mesmo...
Eu sei, que isto foi tudo no tempo em que o arco-íris ainda era a preto e branco e quero que fique bem claro que eu não tenho saudades do passado, não tenho mesmo. Não sou nada saudosista, e fico muito feliz pelas coisas terem evoluído  no sentido do bem estar, da felicidade e do conhecimento humano, mas tenho memória e lembro-me de tudo muito bem, e hoje, quando vejo algumas pessoas dizer que há uma grande crise porque, “já nem tomo o pequeno almoço no café!”, penso como a crise, esta crise, é diferente da outra...
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segunda-feira, junho 01, 2009

Regressar a Barcelona por causa de Zafón e regressar a Zafón por causa de Barcelona

..."Sem rumo certo, os passos guiaram-me pela cidade acima até às obras do templo da Sagrada Família. Em pequeno, o meu pai levara-me lá para ver aquele babel de esculturas e pórticos que não havia meio de levantar voo, como se estivesse amaldiciada. Era bom voltar a visitá-la e verificar que não mudara nem um pouco, que a cidade não parava de crescer à sua volta, mas que a Sagrada Famíla permanecia em ruínas desde o primeiro dia"... ("O Jogo do Anjo" pp 92, 93)
Tinha estado de passagem, em Barcelona, há mais de 20 anos, agora fui para estar, observar e aprender. Adorei, mas, sobre Barcelona, Zafón sabe tudo...
Foto: Luís Monte

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