Quando Manuela Ferreira Leite foi eleita Presidente do PSD, por um terço dos votos, congratulei-me com a sua vitória, como disse
aqui, não por uma questão ideológica, da qual sou muito afastada, mas por uma questão de género. Contudo, vaticinei que ela tinha conquistado, mais do que um terço dos votos, uma grande cruz para carregar. Isto porque estava na cara que os outros dois terços votantes, não lhe iam facilitar a vida - num partido como o PSD, habituado ao poder, quando não há poder para distribuir, resta a “intriga e a confusão”, como diz Vasco Pulido Valente. Assim e como a vingança se serve fria, Menezes, sempre que pode, diz dela o que Maomé não diz do presunto - se ela se mantém lacónica, caustica-a porque devia falar, mas se ela fala, como ainda agora em relação ao Orçamento de Estado, logo a desautoriza ao dizer que as suas propostas são “pindéricas” e “pífias”. Quanto a Santana Lopes, 3º classificado na dita eleição, começou por se demitir de líder parlamentar, mas, de resto, manteve-se mais ou menos calado (prudentemente), como à espera de qualquer coisa e logo que pôde, esquecendo-se daquele ditado que diz (acho que é assim) “nunca se deve voltar ao sítio onde já se foi feliz”, colocou-se em bicos de pés e disse: “Olhem aqui um menino tão lindo (salvo seja), para se candidatar à Câmara de Lisboa!” Claro que a MFL, quando ouviu isto, deve-lhe ter caído o coração aos pés, dado que é público e notório, que não morre de amores por ele e além disso, foi eleita com o argumento da credibilidade pelo parte do partido que é visceralmente anti-santanista. Então o que fazer com este candidato, que ela não quer, mas que está disponível e lhe é imposto pela Distrital de Lisboa e por aqueles a quem os analistas chamam o “PSD profundo”? Por outro lado, resta-lhe uma oferta escassa de candidatos, para fazer frente a um Partido Socialista, unido na sua maioria absoluta e a um António Costa bastante credível. Mas, depois, como enfrentar os mentores do seu terço? Bem, responder a Marcelo Rebelo de Sousa não é problema, porque ele nas suas “homilias” dominicais, já disse, sucessivamente, que Santana é um bom candidato, depois que é um mau candidato e agora diz que depende… O problema é o grande “ideólogo” Pacheco Pereira, que, de Santana, diz o “piorio”, coisas do tipo: “é o rosto da maior derrota do PSD”. Bom, seja o que for que venha a acontecer, não auguro, de novo, grande futuro a MFL, como líder do PSD - se aceita Santana, como é previsível, é uma derrota pessoal a somar à perda das eleições nos Açores, se não aceita, pode ser o desmoronamento do PSD. Mas, além disso, já a imaginaram bem a fazer a campanha eleitoral para competir com Sócrates? Vamos ver, mas tenho muitas dúvidas que ela seja a candidata às próximas eleições.
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